ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 09.05.1989.
Aos nove dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Primeira Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada a homenagear o Jornal Zero Hora, pela passagem de seus vinte e cinco anos. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Luiz Ribeiro Bilíbio, representando o Governador do Estado do Rio Grande do Sul; Dep. Antonio Carlos Azevedo, representando a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Jorn. Daniel Herz, representando o Sr. Prefeito Municipal; Jorn. Jayme Sirotsky, Presidente da RBS; Tenente-Coronel Eugênio Ferreira da Silva Filho, representando o Comando-Geral da Brigada Militar; Jorn. Alberto André, Presidente da Associação Riograndense de Imprensa; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Casa. Ainda, o Sr. Presidente registrou a presença, na Casa, dos Jornalistas Nelcira Nascimento, Marcos Duvoski, Madruga Duarte, Cristiano Rodolfo, Lauro Schirmer, Alceu Gandidi, Altamir Garcia, Wilson Müller e vários funcionários do Jornal Zero Hora e da RBS. A seguir, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Artur Zanella, como proponente da Sessão e em nome da Bancada do PFL, discorreu sobre os motivos que o levaram a propor a presente homenagem, relatando a criação e o desenvolvimento do Jornal Zero Hora. Disse que o sucesso do mesmo deve-se à política de trabalho, solidariedade, participação e união sempre seguida por todos os seus integrantes. O Ver. Vieira da Cunha, em nome da Bancada do PDT, falou de sua satisfação por participar da presente homenagem. Leu palavras do Jorn. Lauro Schirmer, onde é ressaltada a visão inovadora e a experiência jornalística dos dirigentes do Jornal Zero Hora e o comprometimento desse jornal com a construção de uma nova sociedade no País. O Ver. João Motta, em nome da Bancada do PT, analisou o papel da imprensa dentro da sociedade atual. Defendeu a idéia do jornalismo como agente de conhecimento social, prestando-se não apenas a uma mera divulgação da notícia mas, também, à análise e ao debate da mesma. Atentou para a importância da existência de um jornalismo que atenda às reais necessidades sociais da população. O Ver. Leão de Medeiros, em nome da Bancada do PDS, comentando o significado do Jornal Zero Hora para a imprensa do nosso Estado, ressaltou o trabalho equilibrado e coerente sempre apresentado pelos responsáveis por esse periódico. Declarou que seu sucesso deve-se a uma permanente reciclagem dos recursos humanos; a uma atualização dos equipamentos técnicos e a uma consciência da responsabilidade de um jornal dessa abrangência. O Ver. Clóvis Brum, em nome da Bancada do PMDB, saudou o Jornal Zero pela passagem de seus vinte e cinco anos, dizendo que a presente homenagem representa o reconhecimento da comunidade ao trabalho empreendido pelos integrantes desse periódico na busca constante de um jornalismo sério, cuja colaboração seja construtiva para o desenvolvimento do País. O Ver. Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, destacou a importância do Jornal Zero Hora como agente formador de opinião pública, analisando as diversas formas como pode ser visualizada e transmitida uma notícia. Falou de sua experiência pessoal como funcionário da RBS e leitor assíduo da Zero Hora. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, declarou que, apesar de às vezes divergir da linha ideológica seguida pelo Jornal Zero Hora, o seu Partido reconhece esse jornal como de grande valor para a comunidade gaúcha. Cumprimentou os funcionários responsáveis pelo Jornal Zero Hora, defendendo a idéia de comunicação como processo civilizatório no qual a tecnologia, apesar de imprescindível, não deve suplantar o valor do homem como agente comunicativo. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, falando sobre o significado da participação da imprensa na história da humanidade, destacou o valor do Jornal Zero Hora como agente de informação e de participação ativa no desenvolvimento da comunidade gaúcha. Citou o nome de diversos jornalistas, em especial, de Maurício Sirotsky Sobrinho e de Jayme Sirotsky, classificando-os como a base do sucesso desse veículo informativo. O Ver. Wilson Santos, em nome da Bancada do PL, declarou que o Jornal Zero Hora leva, com imparcialidade, eficiência, credibilidade e talento a informação para nosso povo. Homenageou a equipe de jornalistas que integra esse jornal, dizendo que seu Partido defende a livre iniciativa e o capitalismo democrático seguido pelos dirigentes do Jornal Zero Hora e da RBS. Após, o Sr. Presidente convidou o Ver. Artur Zanella a proceder à entrega, ao Sr. Jayme Sirotsky, de placa comemorativa aos vinte e cinco anos do Jornal Zero Hora e concedeu a palavra a S. Sa. que, em nome da Jornal Zero Hora, agradeceu a homenagem prestada pela Casa, discorrendo sobre a linha ideológica, o surgimento e o crescimento desse jornal. Após, o Sr. Presidente convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem ao Salão Nobre da Casa e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezenove horas e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Gostaria de registrar a presença da
Jornalista Nelcira Nascimento com muito prazer também e que se considere uma
das autoridades na tarde de hoje. Fazemos questão que V. Sª faça parte aqui das
nossas tribunas. Convido V. Sª para sentar-se conosco e nos dar a honra nesta
homenagem que V. Sª está incluída entre os homenageados, o que para nós é muita
satisfação.
Esta
homenagem foi requerida pelo Ver. Artur Zanella e aprovada por unanimidade
nesta Casa por todos os Srs. Vereadores.
Convido
para fazer parte da Mesa o Sr. Deputado Antonio Carlos Azevedo, representando
neste ato a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Jornalista
Daniel Herz, representando o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Olívio Dutra;
Tenente-Coronel Eugênio Ferreira da Silva, representando o Comando-Geral da
Brigada Militar; Jorn. Alberto André, Presidente da ARI, senhoras e senhores.
Uma
série de eventos marcou nestes últimos dias a passagem dos 25 anos de
existência do nosso jornal Zero Hora.
A Câmara Municipal de Porto Alegre não poderia deixar de fazer um registro
especial deste importante acontecimento para os demais segmentos da nossa
Cidade e Estado, eis a razão deste momento estarmos aqui em Sessão Solene
recebendo os principais executivos do nosso grande veículo de comunicação,
tendo à frente o Sr. Presidente, querido amigo também e não citei o nome, estou
citando agora, entre as autoridades, de Jayme Sirotsky, os companheiros
presentes da Direção, o Nelson Pacheco Sirotsky, não está presente mas o
consideramos como tal, o Marcos Dvoskin está presente, o Madruga Duarte, o
Cristiano Rodolfo, o Lauro Schirmer, o Alceu Gandini, o Altamir Garcia, a
Nelcira Nascimento, o Wilson Müller e os demais funcionários que para nós da
Cidade não são funcionários, são os nossos amigos, são aquelas pessoas que
levam as notícias agradando alguns, desagradando outros, mas a notícia correta.
Por
isto a nossa homenagem, Jayme, da Presidência da Casa e as homenagens virão
agora através dos Partidos, mas pensando estar escrito o discurso que já deixei
de lado, porque é meio perigoso para mim, pois sem ler fico meio inseguro.
Queria
registrar na tarde de hoje a minha primeira visita na “Zero Hora”, à RBS, como Presidente da Câmara em 1983, quando
fomos fazer uma visita à Direção da RBS, eu, com um receio, tremendo, medroso,
vermelho como fiquei agora aqui, preocupado em falar com a Direção da RBS. A
partir daí a RBS, a “Zero Hora”
se tornou para mim um amigo ou uma amiga, porque encontrei o querido Maurício
Sirotsky Sobrinho, aquela pessoa que olhou para mim, estava sem gravata e eu
ali trêmulo junto com os meus companheiros de Mesa: “Fraga, como é que está
Belém Novo?” Fiquei na minha, como se diz e com perdão da expressão, mas me
deixou à vontade. Em qualquer momento, nas horas boas, nas horas ruins, sem
nenhum interesse especial a não ser o trabalho registrado nas horas boas e nas
horas ruins, sem nenhuma solicitação especial, mas eu gostaria de nesta
oportunidade fazer este registro. A partir daquele dia não tive mais medo,
porque ele me cumprimentou dizendo: “Fraga, como está o nosso Belém Novo, está
bem?” Aí eu senti que ele me conhecia, porque eu pensei até que ele não me
conhecesse. Dito isso, coloco aqui ao natural a posição de um Presidente
passageiro desta Casa, mas que está muito honrado em ter a Direção da RBS, da “Zero Hora” aqui, e os amigos
jornalistas, fotógrafos, enfim, todo aquele grupo de pessoas que são iguais a
gente aonde nós nos encontrarmos.
Passo
de imediato a palavra ao Ver. Artur Zanella, proponente desta homenagem. Ele
fala pelo seu Partido, o PFL.
O SR. ARTUR ZANELLA: Meus senhores, minhas senhoras, esta
Sessão de hoje, na verdade, é uma Sessão obrigatória para todo aquele
representante do povo, que representa a cidade de Porto Alegre. Eu a pedi antes
dos outros colegas, porque creio que nós devemos, neste exato momento, trazer
aqui a posição da nossa Cidade. Eu copiei escandalosamente o Lauro Schirmer em
algumas anotações, em que ele dizia que, fundada a “Zero Hora” em maio de 1964 - vejam bem, que época -, por Ari de
Carvalho na Direção Dante de Laitano, em 1970, passou para RBS, comandada pelo
Jayme e pelo Maurício. Eu ouvi uma frase da Dona Ione Pacheco Sirotsky, numa
noite dessas, em que dizia que o Maurício falava que é só no dicionário que
sucesso vem antes de trabalho; só ali, porque na vida o trabalho vem antes do
sucesso. E eu digo que antes também da palavra sucesso, nós temos a palavra
solidariedade, nós temos a palavra participação, e nós temos, ao final, a
palavra união. Isso me parece que representa a história da “Zero Hora”,
representa tudo aquilo que um dia os que a começaram e os que deram
continuidade, esperavam. O Lauro, a quem copiei, lembra, na sua crônica, os
primeiros: Maurício, Jayme, Fernando Ernesto Corrêa; lembra a segunda geração:
Nelson, Carlos Melzer, Marcos Dvoskin e Pedrinho Sirotsky; e lembrava Madruga
Duarte e Ernesto Oliveira. Eu lembro também - estava na Prefeitura à época -
quando Madruga começou junto com toda aquela equipe a parte referente aos
“Classificados”. Aquilo era uma coisa artesanal! Ele buscava, ele lutava, ele
brigava! E o Lauro cita Carlos Felberg e não cita o seu nome por modéstia, como
daqueles grandes que desenvolveram a “Zero
Hora”. Cita Armando Burd. Então, encontrei, esses dias - e, para mim,
este é um dos grandes exemplos de jornalista, como imagino um jornalista da
RBS, da “Zero Hora”, este que
falo agora, em Santa Catarina, dando seu talento - o Armando Burd. Ele vinha de
Santa Catarina, final de março, início de abril, para passar as suas férias em
Capão da Canoa. Por quê? Porque ele deixava Santa Catarina e vinha para cá,
aqui, onde esse jornal e essa organização se criaram. E eu tenho certeza de que
todos esse nomes que foram citados são dos maiores jornalistas deste País, mas,
no fundo, no fundo, o que querem mesmo é fazer um jornal em Porto Alegre, com
todas as decorrências que isso significa. É por isso, Sr. Presidente, é por
isso, Jayme, que se pede, que sempre se procura em datas expressivas esse
contato maior com a RBS, esse contato maior com a “Zero Hora”. Nós não temos, hoje, aqui, um concurso de oratória,
todavia, quero dizer que a palavra união é a representação maior de “Zero Hora” e da RBS: união interna
e, principalmente, união com a comunidade do País, do Estado e de Porto Alegre,
que tem a honra de sediar as Empresas. Por isso, trazemos hoje, aqui, onde o
povo é representado, nosso abraço fraterno e os votos de um futuro de
realizações cada vez maior em prol da orientação que se propôs buscar, sempre,
sem receios: a verdade dos fatos! É na verdade que se assenta a grande virtude
da comunicação e, “Zero Hora”,
é a comunicação da verdade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha em
nome da Bancada do PDT.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Senhores e Senhoras, é com muita honra
que, em nome da Bancada do PDT nesta Casa, ocupo a tribuna para saudar os 25
anos de existência da “Zero Hora”,
completados no último dia 04 de maio de 1989. E o faço com enorme prazer. O
jornalismo está em meu sangue.
Em 1978, quando terminava o 2º grau e tinha que optar por uma carreira profissional, me dividia entre o Jornalismo e o Direito. Fiz Vestibular para os dois Cursos. Aprovado em ambos, passei a cursá-los simultaneamente: Direito na UFRGS e Jornalismo na PUC.
Nesta
época, fiz um teste para revisor da “Zero
Hora”. Para meu orgulho, entre dezenas de participantes, tirei o 1º
lugar. Entretanto, como tinha 18 anos e não estava ainda com minha situação
regularizada junto ao Exército, não pude assumir o cargo. Se não tivesse este
impedimento, na época, talvez minha vida tivesse tomado outro rumo.
Logo
os dois Cursos tornaram-se inconciliáveis e acabei optando pelo Direito,
trancando minha matrícula no Curso de Jornalismo na PUC.
Fiz
esta rápida e breve introdução apenas para ilustrar o quanto me sinto
identificado com esta que é, no meu entendimento, das mais belas e fascinantes
atividades: a do jornalismo. E a história do jornalismo no nosso Estado está
intimamente ligada à de “Zero Hora”.
Sucedâneo
da “Última Hora”, o jornal Zero Hora
surgia tímido e com enormes dificuldades em 04 de maio e 1964. Em 1969, adquire
instalações próprias e em 30 de abril de 1970 integra-se à Rede Brasil Sul, comandada
por Maurício Sirotsky Sobrinho.
A
partir daí, “Zero Hora” cresce
e avança. Lauro Schirmer, Diretor-Editor do jornal, aponta a causa fundamental
deste sucesso. Diz ele, na página central do Caderno ZH 25 anos: “Maurício e
Jayme Sirotsky, a par de jornalistas e empresários da comunicação, eram homens
com a visão inovadora da mídia eletrônica e da propaganda, mais o Fernando
Ernesto Corrêa, que trazia no sangue e na bagagem experiência jornalística;
eles trouxeram para “Zero Hora”
uma nova mentalidade, moderna e criativa, que então se irradiava na televisão e
na publicidade, enquanto a imprensa, aqui e fora daqui, se apegava a velhas
rotinas de modelos gastos”.
Efetivamente,
“Zero Hora”, em 1970, tinha uma
tiragem de 28.000 exemplares em dias úteis e não circulava aos domingos. Já em
1971, passou a circular os sete dias da semana. Hoje, a tiragem é de 130.000
exemplares nos dias úteis e 260.000 aos domingos.
É
o maior jornal do País fora do eixo Rio-São Paulo e o sexto jornal brasileiro
em circulação.
Mais
do que isto, “Zero Hora”
revoluciona o jornalismo brasileiro ao adotar um sistema eletrônico na área de
redação e processamento de textos que o equipara aos jornais mais modernos do
mundo.
Mas
o que me parece oportuno ressaltar é que “Zero
Hora” conseguiu se desenvolver mesmo nos tempos de arbítrio, em que o
regime ditatorial sufocava a democracia e, particularmente, a liberdade de
imprensa.
Maurício Sirotsky Sobrinho, a grande liderança que comandou a construção deste importante complexo empresarial no campo das comunicações chamado RBS, que nos deixou a 24 de março de 1986, lembrava este fato, em editorial que assinava a 04 de maio de 1984. Dizia ele: “Crescemos em uma época difícil, num tempo nada favorável ao desenvolvimento de uma imprensa sem amarras. Sofremos com a censura nos dias do arbítrio. Nossa consciência profissional sofria quando éramos obrigados, por imposição ao autoritarismo, a omitir informações.”
Ao
finalizar este mesmo editorial, em 1984, Maurício Sirotsky conseguia sintetizar
os anseios de toda a Nação, quando afirmava: “Estamos certos de que, quando “Zero Hora” comemorar novos marcos em sua
trajetória, o Brasil estará diferente, terá chegado a seu destino. E
nosso jornal, com orgulho, saberá dizer que teve, por suas posições e seus
compromissos, uma parcela nessa conquista.”
Pois
apesar de todos os nosso esforços, cinco anos depois, o Brasil ainda não chegou
ao seu destino.
Entretanto,
sentimos que o reencontro da Nação consigo mesmo está cada vez mais próximo.
Consolidar
a democracia em nosso País e garantir a realização de eleição livre e direta
para Presidente da República - a qual, apesar de ter 25 anos, “Zero Hora” até hoje não conseguiu
registrar - é tarefa de todos nós, brasileiros comprometidos com a construção
de uma nova sociedade, em que as profundas desigualdades sociais e o caos na
nossa economia sejam uma página definitivamente virada de nossa história.
Haveremos
de chegar lá. Juntos. Parlamento, Imprensa, Sindicatos, Associações, enfim,
todo o povo organizado. Até porque, como diz Jaime Sirotsky, em editorial do
Caderno Especial de “Zero Hora”
do último dia 4, “temos território, povo e cultura suficientes para realizar a
grande revolução moral e ética de que depende essa mudança de rumos, da
desesperança para a prosperidade.” Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Motta que
falará em nome de sua Bancada, o PT.
O SR. JOÃO MOTTA: Senhores e Senhoras presentes nessa
Sessão Solene, a manifestação do PT nessa Sessão Solene é um reconhecimento, em
primeiro lugar, ao importante papel que este veículo de comunicação tem
cumprido no mundo moderno e é também, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre o
papel das comunicações e do jornalismo na época atual.
Certamente
que há um “grão de verdade” na idéia de que a notícia não deve emitir juízos de
valor explícitos, à medida em que isso contraria a natureza da informação
jornalística tal como se configurou modernamente. Mas é igualmente pacífico que
esse juízo vai inevitavelmente imbuído na própria forma de apreensão,
hierarquização e seleção dos fatos, bem como na constituição da linguagem (seja
ela escrita, oral ou visual) e no relacionamento espacial e temporal dos
fenômenos através de sua difusão.
Portanto,
quando Mário Erbolato afirma que a “evolução e adoção de novas técnicas no
jornalismo, elevado à profissão e não mais praticado por simples diletantismo,
levaram a uma conquista autêntica: a separação entre, de um lado, o relato e a
descrição de um fato, dentro dos limites permitidos pela natureza humana e, de
outro, a análise e o comentário da mesma ocorrência, ele está, por linhas
tortas, percebendo uma evidência que as críticas meramente ideológicas do
jornalismo ativista não reconhecem.”
É
claro que não se trata do simples “relato e descrição”, de um fato, dentro de
supostos “limites permitidos pela natureza humana”, separado da análise e do
comentário. Trata-se, sim, de uma nova modalidade de apreensão do real,
condicionada pelo advento, mas sobretudo, pela universalização das relações
humanas que ele produziu, na qual os fatos são percebidos e analisados
subjetivamente (normalmente de maneira espontânea e automática), e, logo após,
reconstruídos no seu aspecto fenomênico.
O
discurso analítico sobre os acontecimentos que são objeto do jornalismo diário,
que tomamos como referência típica, se ultrapassarem certos limites estreitos é
impertinente a atividade jornalística sob vários aspectos. O principal problema
é que, se a análise se pretender exaustiva e sistemática, desembocará, no caso
limite, nas diversas ciências sociais e naturais, o que já é outra bem
diferente do jornalismo. Da mesma forma, uma abordagem moralista ou
grosseiramente propagandista sob o aspecto ideológico acaba desarmando o
jornalismo de sua eficácia específica e quase sempre, tornando-se intolerável
para os leitores, sejam quais forem. O que se pretende afirmar é que há uma
tarefa mais ampla do jornalismo que expresse e reproduza uma visão do mundo,
ele possui características próprias enquanto forma de conhecimento social e
ultrapassa, por sua potencialidade histórica concretamente colocada, à mera
funcionalidade ao sistema vigente.
De
outra parte, tanto os jornais diários como os demais meios veiculam, ao lado de
notícias e reportagens características do jornalismo propriamente dito,
análises sociológicos, políticas, econômicas, interpretação de especialistas,
ensaios, colunas, editoriais, cartas de leitores, poemas, crônicas, opinião de
jornalistas ou pessoas proeminentes, enfim, uma série de abordagens e de
discursos que podem ter um grau maior ou menor de aproximação do discurso
jornalístico que estamos tratando.
É
realmente inviável - como diz Clóvis Rossi - exigir dos jornalistas que deixem
em casa todos os seus condicionamentos e se comportem, diante da notícia, como
profissionais assépticos, ou como a objetiva de uma máquina fotográfica,
registrando o que acontece sem imprimir, ao fazer seu relato, as emoções e as
impressões puramente pessoais que o fato neles provocou.
Assim, o julgamento ético, a interpretação e a opinião não formam um discurso que se agrega ao fenômenos somente depois da percepção, mas são sua pré-condição, o pressuposto mesmo da sua existência como fato social.
Esse
é um desafio posto para nós, respondermos, mas fundamentalmente para todas as
comunicações responderem no mundo moderno, em particular a “Zero Hora”. Para que de
fato se faça um jornalismo, coincidente nos rumos e nas inquietações das
sociedade atuais. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Leão de Medeiros
pelo PDS.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Senhores e Senhoras, há 32 anos atrás
Maurício Sirotsky Sobrinho e seus companheiros assumiram o controle da Rádio
Gaúcha, dando início à criação de uma vasta organização dedicada à comunicação
social e ao desenvolvimento cultural do Rio Grande do Sul. É possível que
Maurício sequer tenha imaginado, naquele já longínquo ano de 1957, que a compra
da Rádio Gaúcha seria a semente que, lançada no terreno fértil da iniciativa e
da determinação de um grupo empresarial, germinaria, cresceria e desabrocharia
nessa magnífica comunidade de informações que movimenta diariamente, e
diretamente, mais de cinco mil profissionais, e atende os interesses de mais de
treze milhões de habitantes dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina.
Estas
pessoas têm necessidade permanente de informações, e por isso o Rio Grande e
Santa Catarina contam com tão expressivo número de jornais, emissoras de rádio
e emissoras de televisão. Dos quais destaco, por justiça, dois grandes jornais
regionais, Zero Hora e Diário
Catarinense, o primeiro cotado entre os cinco maiores jornais do Brasil, e o
segundo em rápida expansão. Somam-se aos jornais 18 emissoras de rádio e 15
emissoras de televisão. Tais números, que revelam o êxito do empreendimento
iniciado em 1957 por Maurício Sirotsky Sobrinho, por outro lado apontam a cada
hora, a cada minuto, sobre suas decisões no que respeita no interesse público.
É com prazer, e mesmo com orgulho de gaúcho, que remarco a justeza das decisões
até agora tomadas, o equilíbrio no trato da comunicação social e a generosa
participação comunitária da RBS.
Mas
a justa decisão e o equilíbrio político, como a generosidade, não decorrem de
geração espontânea. Eles nascem da ponderação, da análise, da interpretação dos
fatos sociais sobre os quais agem. Nascem certamente da bondade, do bom senso e
da boa vontade inatas aos seres humanos. Mas nascem também da determinação
política, na sua mais ampla concepção; nascem do preparo intelectual capaz de
entender este universo político, econômico e cultural que embasa nossa História
e nossa realidade social.
Dentro
da constelação da comunicação social da RBS surge o Jornal Zero Hora como sua estrela de primeira
grandeza. Essa preeminência de “Zero Hora” não ofusca os demais astros que
giram sobre a Avenida Ipiranga. Pelo contrário, como o sol, dá-lhes a vida e o
brilho, e comanda o curso de todo o conjunto através de editoriais que nada
ficam a dever a qualquer jornal brasileiro.
Que segredo mantém a “Zero Hora” sempre em pleno
zênite? Perguntem a qualquer
uma destas cinco mil pessoas comandadas hoje por Jayme Sirotsky sobre tal
segredo, e terão uma resposta surpreendente. Não há segredo. Existe apenas uma
receita que, preparada com bom senso e com inteligência, e aplicada com
determinação e energia, exige poucos ingredientes, mas de uma eficiência e de
uma eficácia sem par. Perguntam aos companheiros de Jayme Sirotsky: Fernando
Ernesto Correia, Nelson Pacheco Sirotsky, Carlos Melzer, Marcos Ramon Dvoskin,
Pedro Sirotsky, Christiano Nygaard, Lauro Schirmer, Bolívar Madruga Duarte,
Alceu Gandini, Carlos Fehlberg, Roberto Eduardo Xavier.
São
três os ingredientes da receita: em primeiro lugar, reciclagem permanente dos
recursos humanos, uma vez que o jornal começa, antes de mais nada, na cabeça
dos homens que trabalham na RBS. Neste momento, uma equipe de 11 profissionais
visita a Feira do Rádio de Los Angeles, e outras estão sendo preparadas para
novas investigações. Em segundo lugar, uma fome permanente de tecnologia
estimulada por todos os temperos de que Jayme Sirotsky pode dispor. Toda “Zero Hora” está
informatizada, e nada existe de mais contemporâneo do que seu equipamento
eletrônico.
Em terceiro, mas não em último lugar, uma consciência clara da responsabilidade social do jornal, firmemente ancorada em sólidos vínculos com a comunidade.
O
preparo é também simples: junte porções generosas destes ingredientes, esquente
tudo no calor humano. É “Zero Hora” nos já varonis vinte e cinco anos.
Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum pelo
PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: A Liderança do PMDB nesta Casa, nesta
oportunidade, traz ao Jornal Zero Hora
a sua saudação, no momento em que a iniciativa do Ver. Zanella enseja esta
Sessão Solene para que a Câmara de Porto Alegre homenageie este importante
veículo da comunicação social. Já foi dito aqui, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. homenageados, do equipamento da “Zero Hora”, da correção deste
veículo, do exemplo de jornalismo e de notícia veiculados neste importante
jornal do País e o mais importante do Rio Grande do Sul. Já foi dito da luta
que tiveram os seguidores, aqueles que assumiram o Jornal, e já digo das
preocupações da atual Direção da RBS em relação ao Jornal Zero Hora. Se sabe
que as mãos seguras de Jayme Sirotsky, de toda a sua equipe, rigorosamente se
pode dizer família Sirotsky, eis que alguns que mesmo não pertencendo a
família, se integram perfeitamente nesta conotação. Deram muito para que o
Jornal Zero Hora chegasse hoje ao nível, a admiração e respeito que granjeou ao
longo desse quarto de século. O que dizer mais de “Zero Hora” se nós vimos e
lemos, todos os dias, a informação que nos chega, a orientação que nos
chega através dessa equipe grandiosa de jornalistas, de profissionais que fazem
do seu dia-a-dia a própria vida desse jornal, e a perfeita ligação do jornal
com a comunidade. Dizer, Sr. Presidente, que a empresa em si seria uma muralha
de carvalhos gigantescos, e que com o desaparecimento de Maurício, teriam esses
carvalhos perdido a sua folhagem, não, inquestionavelmente, não! Era uma
muralha de carvalhos gigantescos, uma floresta, e continua sendo uma floresta
de carvalhos gigantescos, na constante proteção da informação séria, e até da
luta social nesse processo que vive o povo brasileiro e a nossa Nação. Dizer
que a população assistiu, e chorou há pouco, se pode dizer há pouco, o
desaparecimento daquele homem que com extraordinária competência transformou
esta gigantesca empresa e que o povo não lhe é agradecido. Ora, Sr. presidente,
se não fosse isto nós não estaríamos aqui em nome do povo para dizer ao Jornal
Zero Hora que a população é muito agradecida em relação a este trabalho
exemplar que o Jornal realiza no seu dia-a-dia. Sinceramente, Sr. Presidente, o
PMDB, nós que também vivemos o dia-a-dia da comunidade, em conseqüência, do
Jornal Zero Hora, não temos muita coisa a acrescentar. Temos que festejar.
Festejar com a família Sirotsky, com todos os seus diretores, com todos os seus
funcionários, do mais graduado ao mais humilde que não medem esforços no
sentido de apresentar um jornal à altura daquela visão que teve esta empresa e
seus fundadores. Os compromissos assumidos pelos idealizadores desta fabulosa
empresa, desta exemplar empresa, estão sendo resgatados diariamente.
Diariamente se lê nos jornais, na televisão, nas estações de rádio a boa
informação. A boa notícia. A boa imagem de um jornalismo construtivo. De um
veículo que desempenha papel importante na vida desta Cidade, deste Estado e
deste País. No dia-a-dia são portas escancaradas na RBS, na “Zero Hora”, nas
suas casas, nas suas televisões, para acolher, não só as informações, mas,
acima de tudo, os problemas sociais que angustiam a nossa comunidade.
São
25 anos. Quando Jayme Sirotsky assumiu a Presidência da RBS. A esta ascensão se
poderia dizer, que quando subimos para o palco da existência humana, nós não
construímos isto. Os nossos antepassados construíram. Mas o desafio também, dos
que assumem, é muito importante. Às vezes, as conquistas são importantes, mas
manter estas conquistas é fundamental, em algumas situações até muito mais
difícil. A família Sirotsky, todos os seus funcionários, todos os seus
Diretores se embuíram neste espírito de tocar esta empresa para frente. Vinte e
cinco anos de “Zero Hora”, repito é um quarto de século, para um jornal no Rio
Grande do Sul, para um jornal competir com Rio de Janeiro, São Paulo, é um
desafio e, hoje, “Zero Hora” tem a sua oficina gráfica, a mais moderna, uma
oficina eletrônica, a mais moderna. Acho que só isto não deva gratificar os
seus Diretores, mas a todos nós que reunidos estamos aqui a homenagear o Jornal
Zero Hora.
Meus
parabéns, Dr. Jayme, meus parabéns Srs. Diretores, jornalistas, funcionários,
são vinte e cinco anos de trabalho profícuo, de trabalho honesto, de trabalho e
dedicação à causa pública, aos problemas da Cidade, do Estado e do País e que
eu não tenho dúvida haverá oportunidade como esta de se repetir muitas vezes
sempre saudando o bom desempenho deste importante jornal que é a “Zero Hora”.
Esta
é a nossa saudação ao nosso Jornal Zero Hora nos seus vinte e cinco anos de
existência. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz que
falará em nome da sua Bancada, o PTB.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu não tenho a experiência de 25 anos
como leitor do Jornal Zero Hora, porque a maioria das pessoas já sabem que eu
venho do interior do Estado de São Paulo e estou aqui em Porto Alegre, há 15
anos. Então eu posso falar da experiência que eu tenho como leitor de “Zero
Hora”, exatamente nesse período de 15 anos, inclusive nesse período um ano e
meio bem próximo do Jornal Zero Hora, já que participei também com muito
orgulho daquela organização, quando estive inaugurando praticamente as
comunicações da Rádio Farroupilha, quando a Farroupilha passava a fazer parte
desta Rede tão importante em todo o Brasil. Eu cito alguns nomes, raríssimos
nomes, poucos nomes da Empresa nessa comunicação que faço, mas não para que
destaque alguns e os que eu esqueço não significa que não tenho carinho por
eles. Tenho carinho por toda aquela família porque aprendi a gostar de todos,
passei por ali momentos muito bons, foi o ápice praticamente da minha carreira
de comunicador em Rádios e são momentos assim que eu não posso realmente
esquecer, então peço perdão àqueles que não citar aqui, porque vou citar alguns
nomes mas são três ou quatro apenas e eu peço que os outros todos se sintam
homenageados a esses nomes que vou citar aqui nesse trabalho que eu faço
bastante pessoal como eu disse, eu não faço um trabalho de Partido, faço um
trabalho muito subjetivo. Por maior divergência que tenhamos com alguns
enfoques da linha editorial do Jornal Zero Hora, não podemos negar a importância
desse veículo na formação da opinião púbica de todo o Rio Grande do Sul, ou
indo até mais longe, na opinião pública de todos os gaúchos espalhados pelas
várias regiões do País. Não posso negar que já reclamei daquilo que no meu
entender não estava absolutamente condizente com a verdade. E várias vezes fui
atendido por esse modelo de empresário seguidor do meu grande amigo,
inesquecível Maurício, que é o Nelson Sirotsky. Essa colocação inicial que eu
faço não é uma crítica aos quadros editoriais de “Zero Hora”. É um elogio. É um
elogio na medida em que o sinal mais evidente de um jornalismo sério e
independente é a precisão do informar e isto “Zero Hora” tem e a coerência no
opinar, e também isto “Zero Hora” tem. “Zero Hora” é um órgão de opinião e claro
que isto é muito bom, é indispensável pois existe a necessidade de um
posicionamento frente às questões graves que nos envolvem a todo o momento.
Esse é mais um motivo para marcar a sua indispensabilidade do nosso dia-a-dia.
O fato social é visto por faces diferentes se os observadores estiverem
postados em lugares diferentes de observação. O que não indica que não seja o
mesmo fato social e que a minha ou a outra visão sejam erradas ou verdadeiras.
Sempre que analisamos uma questão a nossa análise é repleta de subjetividade e
é muito importante conhecer a subjetividade de um setor especializado,
compararmos com a nossa subjetividade que em muitas oportunidades está
carregada de paixões, para atingirmos o meio termo recomendável nas ações. Eu
tive várias fases como leitor de “Zero Hora” numa porção destes 25 anos em que
o jornal está em circulação. Tenho 15 anos em Porto Alegre, já disse, e analiso
o meu comportamento frente ao jornal em todo este tempo como alguém que saiu de
um processo - e aí vou fazer uma crítica a mim mesmo - um processo de
alienação, passei por um estágio e estou caminhando numa fase de ação
consciente. Não tinha vínculos com a política e nem com estas páginas no jornal
Zero Hora que falavam sobre política. Abria a “Zero Hora” nas páginas
policiais, passava os olhos no humor de Carlos Nobre, lia o horóscopo de Zora
Yonara e mais alguma matéria vinculada com a tragédia, e os acontecimentos
internacionais porque, naquela época, fazia eu um programa de rádio, um
programa popular e me servia exatamente das páginas mais trágicas do jornal
Zero Hora para poder fazer com que a minha comunicação pudesse chegar mais
forte no público que eu queria atingir. E foi esta época uma época que durou
até bastante tempo, em que eu fui leitor da “Zero Hora”, mas fui leitor exatamente dessas páginas. Essa fase durou
até mais ou menos 1982. O mundo político, então, começou a me
interessar, eu havia sido eleito Vereador no final de 1982. Primeiramente,
comecei lendo as notícias políticas locais, do nosso amigo Melchiades Stricher,
que fazia a cobertura aqui da Câmara Municipal; após, as notícias do Estado e
as notícias nacionais. E via que tudo aquilo fazia parte de minha vida, embora
eu tivesse tentado olvidar a presença. Aprendi a admirar alguns cronistas, como
é o caso do Mendes Ribeiro, do Sérgio da Costa Franco, do Fehlberg, do Luís
Fernando Veríssimo, e outros. Foi nessa época, 1982, que tive a oportunidade de
conhecer um empresário incrível nesse campo das comunicações, porque foi nesse
ano que fui trabalhar na RBS. Conheci, então, Maurício Sirotsky Sobrinho, que
até então conhecia apenas de nome e através das suas mensagens, mas não
conhecia pessoalmente e isso foi exatamente quando comecei a trabalhar na Rádio
Farroupilha. Rendo, aqui, homenagens a Maurício pois, ao conhecê-lo, conheci
alguém que nunca deixou de me conhecer em local algum em que se encontrasse. Me
fez sentir gente várias vezes porque, para mim, que vinha de fora e encontrava
um mundo bastante hostil, era muito importante esse contato com uma pessoa tão
importante como o Maurício, porque muitas vezes nos sentíamos tão desiguais
naquele combate que tínhamos com a sociedade em si, que aquele contato com o
Maurício nos fazia sentir tão gente que nos dava forças para que pudéssemos
continuar a nossa jornada. E é por isso que faço questão de citar o Maurício
porque realmente ele foi muito importante na caminhada que fiz até aqui. Faço
este registro apenas para dizer que a partir dessa fase o meu poder de ação
aumentou. Não digo que essa fosse a causa principal, mas ela ajudou-me na
integração tão necessária com os diversos segmentos sociais. Tive a fase dos
“Classificados”, como leitor de “Zero Hora”, que volta sempre quando preciso
trocar, por exemplo, um carro velho por um não tão velho, ou para ter uma visão
geral do comportamento dos diversos mercados. Passo, agora, pela fase dos
editoriais. Estou crescendo, como leitor de jornal. Passo a ler, também, os
editoriais, para poder ter alguma capacidade de analisar os editoriais. Mas, em
qualquer uma das fases, “Zero Hora” foi e é muito importante para mim. Com
“Zero Hora” já vivi alegrias, tristezas e frustrações. Já estive no céu, na
terra e também já estive um pouco no inferno, dependendo da época. Mas, o mais
importante é que, nesses anos que tenho como leitor de “Zero Hora”, ela esteve
sempre presente. Em nome dos meus eleitores, em nome do PTB que representamos
aqui juntamente com o Ver. Edi Morelli, que também faz parte dessa Organização,
sirvo-me do momento para homenagear os vinte e cinco anos de “Zero Hora”,
desejando a esse empresários e jornalistas vitoriosos a continuação da
consciência acerca do momento histórico pelo qual passamos e que, detentores de
um órgão formador da opinião pública, tão importante como “Zero Hora”, tem
obrigação de ter. O futuro de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, em si, terá
os contornos que seu povo lhe der e isso dependerá muito do conteúdo de “Zero
Hora”. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro
Hagemann pelo PCB.
O SR. LAURO HAGEMANN: Prezados Senhores e Senhoras, a “Zero
Hora” que estamos homenageando hoje, por seus 25 anos, é um exemplo de
pertinácia, porque nasceu num período conturbado da vida desta Cidade, deste
Estado, deste País e soube ir vencendo as dificuldades até chegar ao dia de
hoje, com este esplendor que conhecemos. Eu e meu Partido, o Partido Comunista
Brasileiro, temos tido na “Zero Hora” o abrigo necessário nas horas em que
necessitamos. Podemos até divergir em certos instantes da linha editorial do
Partido, mas isso não invalida a presença do jornal na sociedade
porto-alegrense e rio-grandense. Se a nossa Cidade, se o nosso Estado estão
inseridos no mundo, na civilização, isso se deve em grande parte aos órgãos de
comunicação e, dentre eles, à “Zero Hora”.
Poderia
neste breve discurso referir reminiscências de ordem pessoal. Eu vi nascer “Zero Hora” como muitos aqui viram. Velhos
companheiros de jornada do campo da comunicação estão presentes aqui, mas
gostaria de desviar um pouco do rumo das intervenções que têm sido pronunciadas
desta tribuna, não para diminuir a direção, sua responsabilidade, seu mérito,
mas para, num processo de adequação a minha postura pessoal de homem de
comunicação, dirigir os meus cumprimentos neste 25 anos aos funcionários da
“Zero Hora”; aos companheiros jornalistas; aos companheiros que fazem a
administração do jornal, que distribuem o jornal, que, enfim, fazem o dia-a-dia
da “Zero Hora”, sem cujo
trabalho a direção teria mais dificuldade em ter chegado ao dia em que chegou.
Digo
isso com toda a tranqüilidade de quem durante toda a vida esteve sempre ao lado
daqueles que trabalham, que vivem de salário e, sobretudo, numa época em que o
processo de comunicação está tendendo perigosamente para um assoberbamento da
tecnologia. Não que isso seja um mal. O homem inventou estas tralhas
tecnológicas para melhorar a qualidade do seu trabalho, mas ele não pode
esquecer nunca que isto deva soterrá-lo. Costumo dizer e repito aqui que
comunicação é um processo civilizatório, que se faz de gente para gente e
sobretudo com gente.
Então,
a moderna tecnologia, da qual a “Zero Hora” se utiliza com muita habilidade,
não pode ser menosprezada, mas também não pode receber o peso que às vezes o
homem, na sua pequenez, é tentado a lhe dar.
Faço
votos, nestes 25 anos da “Zero Hora”, que ela continue a servir a Cidade, o
Estado, a nós todos, com a proficiência, com a linha que se impôs e que se
impõe, para que possamos daqui a outros 25 anos, quem sabe, vir a festejar mais
um lustro da “Zero Hora”. Porque um jornal é quase como uma criatura, tem o seu
nascimento, crescimento, o apogeu, e também tem o seu declínio. Isto não é
nenhum demérito. Felizmente, estamos assistindo com a “Zero Hora” a fase,
ainda, do crescimento. E queremos que ela continue crescendo. Meus parabéns.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Vereador Omar Ferri que
fala pelo PSB.
O SR. OMAR FERRI: Srs. Vereadores, meus senhores, minhas
senhoras, funcionários e colaboradores da “Zero Hora” e da RBS, aqui presentes.
Eu não sei bem como deveria começar essa minha pequena intervenção, porque acredito que os Vereadores Vieira da Cunha, Leão de Medeiros, principalmente o Ver. Lauro Hagemann, Zanella e Luiz Braz já disseram tudo aquilo que poderia ser dito por esta Casa, nesta homenagem dos 25 anos. Mas talvez eu pudesse relembrar uma ou outra frase, possivelmente uma frase chavão, e uma eu acho que li hoje na “Zero Hora” dos 25 anos, quando ela diz: nenhuma história se escreve sem a participação marcante da imprensa. E isto é verdade. Essa frase faz-me lembrar uma frase que possivelmente seja a mais famosa de toda história da história, que foi a grande expressão do historiador Heródoto, quando disse que o Egito é um presente do Nilo. Isso me vem a propósito, e vou retornar a essa frase logo depois da homenagem que hoje se presta à “Zero Hora”. E quando o Ver. Luiz Braz diz que vai falar a respeito das coisas subjetivas, eu inverto as posições, porque entendo que um jornal, uma rede de informações, só pode ser louvada em caráter objetivo. Uma louvação, por exemplo minha, dá bem a medida daquilo que pode um órgão de imprensa representar, para mim, para todos nós, para o povo do Rio Grande. Eu lembro que quando veraneava, e ainda veraneio de vez em quando, em Santa Cataria, num hotel há 20 Km acima de Laguna eu sabia que numa farmácia estava a “Zero Hora”. Era uma maneira de se tomar contato, lá longe dos pagos, com o Rio Grande do Sul. E, quando veraneava em Piçarras, em Santa Catarina, eu sabia que numa determinada banca de revistas estava lá a “Zero Hora” a nos prestar diariamente as informações daquilo que ocorria no Rio Grande do Sul. O mesmo ocorria em São Paulo e no Rio de Janeiro. Qualquer jornal poderia ter a leitura dispensada, menos um, a “Zero Hora” do Rio Grande do Sul. Eu, agora, há três semanas percorria aquelas bancas que beiravam a 18 de Julho, pedindo pela “Zero Hora” e não encontrava, mas sempre alguém me informava: lá na banca da Praça Independência tem “Zero Hora”. Lá cheguei e encontrei e comprei para saber, assim, o que ia acontecendo no Rio Grande. Então, eu disse há pouco: acho que nós todos somos imensamente gratos a esse jornal, como é o Egito em relação ao Nilo e eu pergunto, senhores Vereadores e homens públicos do Rio Grande do Sul, quem somos nós, se não um presente da imprensa do Rio Grande do Sul? Especialmente um presente da “Zero Hora”. O que seriam os Vereadores, Deputados, os políticos, os empresários, os capitães da indústria do nosso Estado, se não tivesse ao nosso lado um jornal que diz quem somos. Um dia nos ataca, outro dia nos defende. Um dia põe a nossa opinião, outro dia a opinião contrária a nós. É a prova de que é um jornal democrático e é o jornal que todos almejamos e queremos. Então, nós somos um presente da “Zero Hora”. E eu não poderia deixar de citar alguns nomes que considero importantes, porque eles fazem esse jornal. Nomes realmente importantes, e vou fazer algumas injustiças, alguns não vão constar nesta lista que faço aqui, rapidamente, o Felberg, o Shirmer, o Cândido Norberto, o Terlera, o Pila Vares, a Nelcira Nascimento que está presente aqui, o Veríssimo, Luiz Fernando Veríssimo. Eu tenho impressão de que se existe um gênio que usa uma pena magistralmente no Rio Grande do Sul e no Brasil, está aí. Luiz Fernando Veríssimo, o Wanderlei Soares, Editor de polícia, o Fernando Ernesto Corrêa, Marcos Dvoskin, o Nelson e o Pedro Sirotsky, Wilson Müller, meu amigo de mais de 30 anos, Melchiades Stricher. Deixei de propósito os comandantes, os dois, para dizer aos senhores que eu tive pouco relacionamento, por exemplo, com Maurício Sirotsky, mas há coisas de que nós não nos esquecemos. Num famoso debate público em que o meu inteligente contendor ia para a televisão com uma pilha de documentos, o Maurício olhou e disse para mim: “Ferri, olha o Dr. Lia Pires com uma pilha de documentos, e chegas aqui sem nada.” E eu disse brincando: é porque eu chego com a verdade. E todas as vezes que eu me encontrei, e não foram muitas, com Maurício Sirotsky, eu vi que aquela simpatia, aquela alegria, aquela presença de um verdadeiro homem, de repente, que este grande homem era um grande homem igual a nós, como, por exemplo, aconteceu, agora, aqui, com o Jayme que, naturalmente, diz para gente: “Ferri, te assisti estes dias na televisão.” Estes grandes homens que são iguais a nós. Qual a diferença, então, que permitiu em 25 anos transformar a “Zero Hora” num Jornal que quase ninguém acreditava nele, quando ele nascia dos escombros de uma imprensa que desabava com um golpe contra as Instituições do Brasil? Aí está a medida. São os homens visionários, aqueles que têm a visão, são os estadistas da imprensa que vêm lá adiante e nós não conseguimos sair do nosso campo de atuação e de atividade. Por isso que a “Zero Hora” e plagiando de novo Heródoto, acima de tudo é um presente de Maurício e um presente de Jayme Sirotsky. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Wilson Santos pelo
PL.
O SR. WILSON SANTOS: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga,
Presidente da Câmara de Porto Alegre, demais autoridades que compõe a Mesa, já
mencionadas, demais presentes. É uma honra ao Partido Liberal e à nossa
doutrina representada nesta Casa, o Liberalismo, poder participar desta Sessão
Solene, registrando que nós temos uma consciência perfeita da história da “Zero
Hora” e sabemos do seu aparecimento ligado ao destino do Jornal Última Hora,
que circulou no Estado de 1960 a 1964. E diria ate que a “Última Hora”
introduziu inovações significativas no contexto da imprensa local. Assumiu
proposta de jornalismo popular, com linguagem simples e precisa. Foi duramente
acusada de linguagem sensacionalista. Jornal alinhado politicamente com o PTB,
deixou de circular com a eclosão do movimento militar de 31 de março de 1964.
Um mês depois, como todos nós sabemos, nascia o Jornal Zero Hora, iniciativa de
um grupo de ex-jornalistas da “Última Hora” e outros investidores que
adquiriram a Editora Flan S.A., que editava o jornal extinto. Pois o primeiro
número, com 24 páginas, circulou em 4 de maio de 1964 e, aqui, o Partido
Liberal faz a primeira homenagem a Ari de Carvalho a aos acionistas
conselheiros de administração Ricardo Eichler, Evaristo Soares, Oto Hofmeister
e Dante de Laytano. Nascia um novo jornal, autenticamente gaúcho, democrático,
sem vínculo ou compromisso político, isto dizia o primeiro editorial de “Zero
Hora”. 25 anos de “Zero Hora”! Outra colocação que fazemos é que o sucesso na
imprensa contemporânea reside na exata combinação entre o realismo empresarial
e o alto respeito a certos compromissos com a informação, o que certamente
“Zero Hora” faz. Para um público exigente “Zero Hora” elabora um produto final
de qualidade adequada com as exigências e as condições deste mercado. “Zero
Hora” serve ao povo, satisfazendo reivindicações e defendendo direitos. “Zero
Hora” se apresenta numa linha de defesa, e esta é a nossa visão, numa linha de
defesa dos princípios cristãos. E não mede esforços e sacrifícios na defesa das
mais cristalinas e os mais fortes matizes da tradição democrática deste seu
povo.
“Zero
Hora” é notadamente imparcial, sem posição político-partidária. “Zero Hora” é
tudo que um jornal moderno gostaria de ser. Maior jornal do Estado, como já foi
dito pelo Vieira da Cunha, está entre os seis maiores do País. Arrojado, também
arejado, descontraído, moderno, atraente, com suas seções Carros e Motos, Campo
e Lavoura, Caderno de Economia, Segundo Caderno, Revista da TV, o Caderno de
Esportes, ZH Classificados e etc.
Lá
no seu moderno Parque Gráfico, com uma tecnologia avançada, apresenta uma
limpeza de impressão digna de nota dez. “Zero Hora” é, portanto, eficiente, tem
credibilidade, tem talento, aqui, a segunda grande homenagem à direção do
Jornal e à direção da RBS e à equipe de jornalistas que estão exatamente na
razão direta desta eficiência, credibilidade e talento. Este majestoso jornal
está inserido nesta magnitude da contextura da RBS. É maravilhoso para o
Partido Liberal fazer esta homenagem porque nós podemos bater no peito e dizer:
nós somos liberais, nós representamos o liberalismo e eu quero deixar bem claro
que o liberalismo é liberdade política, é liberdade econômica, é ausência de
privilégios, é igualdade perante a lei. É responsabilidade individual, é,
sobretudo, a competição empresarial. É mudança permanente. É revolução pacífica
que poderá transformar o Brasil em país rico e próspero, que inegavelmente pode
vir a ser.
Ora, estamos dizendo o que somos como proposta liberal e quero nesta homenagem, para fechar o raciocínio, dizer que nós temos adversários de ideologia e estes adversários são claros. São os políticos populistas, que usam o Estado para dar conseqüência a sua demagogia; aqueles militares, que combatem o comunismo mas que estatizam a economia; os sociais-democratas, que são liberais em política e socialistas em economia; adversários nossos de ideologia? Os burocratas das estatais, que não querem perder mordomias; os religiosos, que defendem o estado provedor; os conservadores, que se opõem às mudanças; os socialistas, que idolatram o Estado e, fundamentalmente, os empresários poderosos, que só querem mamar nas tetas do Governo e não querem correr o risco do mercado.
Aqui
nós vamos encontrar, inclusive nas estatais, os falsos capitalistas, que de
capitalistas só tem a “lista”, porque o capital eles buscam no caixa do Governo
que é extraído do bolso do contribuinte. Nossos aliados estão no regime de
mercado, caro Jayme Sirotsky, exatamente no regime de mercado, na economia de
mercado, na livre iniciativa. São os capitalistas democráticos, aqueles que não
têm vergonha nenhuma do lucro porque tem a visão exata, ética, cristã e humana
da aplicação destes lucros e nós, do Partido Liberal, defendemos este
capitalismo, o capitalismo democrático, com a consciência desta aplicação do
lucro, longe da ganância e do egoísmo pessoal, lucro como investimento de
progresso, lucro como investimento para as próximas gerações. É o que faz a
“Zero Hora” e o que faz a RBS.
Vou
avocar palavras de Michael Novac, o teólogo do grande livro sobre o destino do
capitalismo democrático: exemplificou que numa grande empresa familiar de
construção de caminhões uma geração intermediária apegou-se demais ao gozo
excessivo do lucro e investiu muito pouco em novas tecnologias, investiu muito
pouco em novos métodos, em benefícios sociais. A conseqüência foi que seus
herdeiros receberam uma companhia arruinada, incapaz de progredir, de
compartir, falindo. “Zero Hora” e RBS são exemplos de investimentos do lucro na
tecnologia avançada, exemplo de investimento em novos métodos, gerando empregos
e produzindo progresso. Além de ter uma atuação marcante no campo social e no
campo comunitário, se não vejamos, apenas para um exemplo, o Projeto Geração
21, cujo convênio com a CEAC e LBA beneficiou 47 instituições e fechou o ano em
dezembro de 1988, com aplicação de 54 milhões de cruzados, e no outro programa
do Projeto Geração 21, de lazer, recreação, esporte e shows abraçou nada mais,
nada menos, do que 35 mil menores carentes. Salve os 25 anos de “Zero Hora”!
Viva a liberdade de empreender! A natureza fez os seres humanos iguais em
dignidade perante Deus, e entre si. Mas a natureza certamente não os fez iguais
entre si, em energia pessoal, em otimismo, em vibração, em motivação, em
habilidades práticas e em talentos. E esta verdade está incrustada na magnitude
que é a “Zero Hora”, na magnitude que é a RBS, pela liberdade de empreender, de
competir, e de construir o seu próprio progresso. E eu tenho absoluta certeza,
como liberal e como espírita, que está encarnado no ápice desse sucesso, neste
completar de 25 anos, os eflúvios daquele timoneiro que continua dando o norte
a este grande sucesso, Maurício Sirotsky Sobrinho. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Câmara Municipal de Porto Alegre
integra-se ao ciclo de homenagens que toda a comunidade brasileira presta ao
jornal Zero Hora no transcurso do seu 25° aniversário. O diário fundado por
Maurício Sirotsky Sobrinho, juntamente com outros empresários e intelectuais
gaúchos, atinge seu jubileu de Prata plenamente incorporado à vida
rio-grandense e na condição de um dos maiores veículos de comunicação social do
País, e do Continente, orgulho de todos nós que acompanhamos o seu cotidiano
feito por profissionais de talento e competência. E essa placa, com muito
prazer, nós solicitamos ao ilustre Ver. Artur Zanella, requerente desta
homenagem, que passe às mãos do Presidente da nossa querida “Zero Hora”, que
está incluído entre os nomes de todos os companheiros aqui presentes e aqueles
que lá estão trabalhando, representando a Casa.
(O
Ver. Artur Zanella faz a entrega da Placa ao Presidente da RBS, Sr. Jayme
Sirotsky.) ( Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o nosso Presidente Sr.
Jayme Sirotsky.
O SR. JAYME SIROTSKY: Meu prezado Presidente desta Casa, Ver.
Valdir Fraga; desde logo agradeço a gentileza deste adicional que registra de
uma forma tão significativa dessa nossa presença na Câmara de Vereadores; Sr.
Luiz Ribeiro Bilíbio, representante do Sr. Governador do Estado; meu caro
Deputado Antonio Carlos Azevedo, representando o Poder Legislativo do Estado do
Rio Grande do Sul; Jornalista Daniel Hertz, representante do Sr. Prefeito
Municipal, Olívio Dutra; Tenente-Coronel Eugênio Ferreira da Silva Filho,
representando o Sr. Comandante Jerônimo Braga, da Brigada Militar; Jornalista
Alberto André, meu caro colega, Presidente da Associação Riograndense de
Imprensa, e em cuja figura eu deposito a homenagem de todos os seus
companheiros jornalistas da RBS que com o Alberto, com o Hertz, com todos os
jornalistas que exercitam a sua profissão nos inúmeros meios de comunicação do
nosso Município, do nosso Estado e do nosso País, cumprem o seu papel. Meus
caros Marcos, Lauro, Madruga, Cristiano, Gandini, Garcia, Curi, Wilson Müller,
meus demais colegas aqui presentes, Srs. Vereadores que representam a nossa
comunidade e em quem recolho a oportunidade de registrar a significação desta
representatividade - até porque, com orgulho, temos o prazer de conhecer
pessoalmente a maioria dos representantes da nossa população e, nisso,
significar o quanto a representação municipal dignifica, porque vós vivemos no
Município, nós não vivemos no Estado ou não vivemos na União, nós vivemos no
Município, e aqui, convivemos com as nossas mazelas e com as nossas alegrias -
essa representação que os Srs. receberam da mais democrática maneira que existe
- pelo voto das urnas - tem, por conseqüência, uma significação muito especial.
Eu ouvi, e estou certo de que assim também o fizeram os meus companheiros aqui
presentes, com a maior atenção, todas as manifestações que a partir das
palavras iniciais do Sr. Presidente, foram feitas pelos Vereadores Artur
Zanella, a quem, desde logo, agradeço a gentileza de ter proposto esta Sessão
que homenageia “Zero Hora”: Vieira da Cunha, João Motta, Leão de Medeiros,
Clóvis Brum, Luiz Braz, Lauro Hagemann, Omar Ferri e Wilson Santos que,
representando todas as Bancadas com assento nesta Casa Legislativa e, eu
repito, todas as Bancadas se fizeram ouvir num processo que também por aí tem
um significado muito especial para quem pretende, como nós, exercitar a tarefa
de comunicação social por meio de comunicação de massa. Hoje, dia 9 de maio, é
o último dia em que as Comissões Temáticas da Assembléia Legislativa entregam
os seus trabalhos, em mais uma etapa da construção da nova Carta Magna do nosso
Estado, da nova Constituição Estadual. A partir de amanhã, desenvolve sua
atividade a Comissão de Sistematização e, depois dela, as discussões, a
parlamentação, o Plenário e a decisão da sociedade através dos seus
representantes legítimos. Amanhã será a sua vez, a vez dos representantes do
Município de Porto Alegre, dos munícipes desta Capital de discutir a nova Lei
Orgânica do Município, adequando-a, também, num corolário que se seguiu à nova
Constituição brasileira, a esta nova etapa, a este novo momento que todos nós
saudamos. E estou absolutamente certo, saudamos com efusão e desejo de boa
evolução.
“Zero
Hora” orgulha-se de ter participado, junto com todos os veículos da RBS, de
todas as etapas das discussões importantes que vieram desde o início da
Constituição Federal e que agora continuam pela Constituição Estadual e haverão
de ir pelas discussões que se farão nesta Casa.
Somos
um dos poucos jornais deste País que dedica tal volume de espaço diário aos
assuntos do Poder Legislativo, em especial, o Legislativo do Município, poder
que prezamos e respeitamos como todos os cidadãos brasileiros, que pensam num
futuro digno, devem prezar e respeitar. E o fazemos de forma explícita. Até
mesmo nas normas editoriais da RBS, que é um dos tantos instrumentos internos
pelos quais se orientam nossos companheiros, está lá dentre as posições a
destacar, uma que diz: “Poder Legislativo, as críticas aos eventuais desmandos
do Poder Legislativo em todos os seus níveis devem ter a preocupação de
resguardar a Instituição, fundamental à preservação do regime democrático”.
Com
isto queremos, caracterizadamente, marcar que reconhecemos nesta, como em
qualquer corporação, a falibilidade, a possibilidade do erro individual, mas,
destacamos, cada vez com mais certeza, a importância de preservá-la e de
respeitá-la.
Os
Senhores Vereadores que tiveram a gentileza de nos homenagear nesta sucessão de
falas agradáveis, na verdade registraram inúmeras facetas, cobrindo o amplo
espectro do que quer significar e do que pode significar um veículo de
comunicação ou um conjunto de veículos de comunicação.
Não
temos muito a agregar ao que foi dito, mas, convém registrar umas poucas
pinceladas sobre pelo menos alguns aspectos daquilo que os Senhores, como
leitores, ouvintes ou telespectadores não alcançam todo dia.
Ao
lado dessa tarefa ingente de diariamente oferecer-lhe um renovado produto, um
jornal, uma programação de rádio ou de televisão que, vejam bem, tem como
característica muito peculiar a de que não se repete. Nós não somos uma linha
de produção em série onde o controle de qualidade pode ser automaticamente
colocada num computador e todas as latas, todos os produtos, todos os metros de
tecido saiam controlados com igual exatidão. Nós temos um ingrediente adicional
que não se mede pelo sistema métrico convencional. Nós temos o conteúdo do
jornal, o conteúdo da rádio, o conteúdo da televisão e para estes, para estes
conteúdos, lá estão as pessoas e nós temos o orgulho de respeitá-las, nós temos
o orgulho de entender que aquelas pessoas são a essência do que nós fazemos e
aqui agradeço ao querido Lauro porque antecipou-se homenageando aos nossos
funcionários. Só não concordo com ele quando ele referiu que o jornal tem seu nascimento,
crescimento, apogeu e uma fase adicional que eu prefiro não mencionar. Nós
vamos procurar, Lauro, te prometo, preservar no crescimento e no apogeu, estas
pessoas que, no nosso caso, aqueles que lidam com a notícia, são 750, dos quais
a nossa empresa jamais exigiu atestado de ideologia, credo religioso, ou não
mais do que boa capacitação pessoal, honradez, decência, competência
profissional, honestidade. E é evidente que aí, meu caro João Motta, que
externou suas considerações sobre as boas técnicas do jornalismo, sobre a ética
e o comportamento dos jornalistas, nós teríamos muito que nos estender. Mas
bendita estrutura, aquela em que vivemos, e mais que aquela em que vivemos,
aquela que perseguimos, que permite que o nosso e outras centenas de jornais,
que as nossas e outras milhares de rádios, que as nossas e outras centenas de
televisões ofereçam alternativas de informação. Bendita estrutura em que a
livre iniciativa está operando os meios de comunicação e não apenas o Estado
que, adonando-se das fontes, transforma os seus cidadãos em cativos de apenas
uma verdade. E verdade também foi uma palavra evocada várias vezes, porque é,
na verdade, aquilo que todos os dias procuramos. E há tantas situações em que
se discute. Até por que numa discussão de duas pessoas, pode haver, pelo menos,
três verdades. A da primeira pessoa, a da segunda pessoa e, eventualmente, a
terceira, que não está nem com um nem com outro. São pontos que nós queremos
considerar porque, fazendo parte do nosso dia-a-dia, não estão ali, táteis, na
manipulação do jornal que foi procurado pelo nosso Ferri e encontrado,
felizmente, senão o nosso Gerente de Circulação já teria que ouvir alguma coisa
em Montevidéu, em Piçarras, em Camboriú, que não estão ali no simples manuseio
da sintonia do Rádio ou da Televisão, mas que fazem parte da participação
intelectual de cada um dos nossos companheiros, que enriquece aquele conjunto
de pessoas que procura melhorar. E que procura melhorar não obstante aquela
tralha de tecnologia que foi referida aqui, mas tirando partido dela.
Nós
estamos orgulhosamente, neste segundo semestre de 1989, colocando em operação o
primeiro curso aplicado de jornalismo que será ministrado por patrocínio de
“Zero Hora” e da RBS, mas que deverá ser aberto, inclusive, não apenas aos
nossos companheiros, mas para outros profissionais do mercado. Ajuda-nos a
desenvolver este Projeto, pela seriedade com que o estamos concebendo, o
ex-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Prof° Francisco Ferraz.
Já,
agora, em outubro, “Zero Hora” estará indo ao México, onde, a convite da
Sociedade Interamericana de Imprensa, na sua reunião anual de Monterey,
apresentará aos seus colegas de todas as Américas o nosso Projeto “ZH Na Sala
de Aula”. Um projeto que, ao longo dos últimos 12 anos, vem buscando aproximar
o jornal do menino, criando-lhe o hábito saudável da leitura, fazendo com que
desde logo ele busque a fonte de mais uma informação que será, sem dúvida,
parte do seu processo de formação. E, ao lado das coisas táteis e objetivas que
eu mencionei, estão outras tantas que nos orgulham e nos deixam mais felizes,
não como empresários, ou como homens de comunicação, mas como pessoa, como, por
exemplo, o Centro de Atendimento aos Funcionários, que nós destacamos para, de
uma maneira exclusiva, atender apenas aos jornaleiros que vendem “Zero Hora”.
São algumas centenas de meninos que recebem, ao lado da sua relação
convencional de trabalho, atendimento médico, atendimento odontológico,
atendimento social, algum tipo de suplementação alimentar. Isto é mais do que a
leitura diária, é mais do que a audiência, ou a tele-audiência. Isto é o desejo
de realizar, e realizar com orgulho. Por isto, nós continuaremos, meu caro
Vieira da Cunha, nome tradicional também ao jornalismo gaúcho, preocupado em
que, apesar dos cinco anos passados daquela belíssima colocação do Maurício,
nos 20 anos de “Zero Hora”, “não tivéssemos ainda, como Nação, chegado ao nosso
destino”, por isto, eu dizia, nós vamos continuar a navegar, porque, como dizia
Fernando Pessoa, “navegar é preciso”, e nós vamos ancorar com o Brasil no barco
do seu destino. Eu ouvi do meu caro Zanella uma enumeração de boas palavras.
Ele foi lá no Aurélio e encontrou participação, solidariedade, sucesso,
trabalho, união, a verdade, e eu fiquei pensando onde eu vou mais para
encontrar alguma coisa adicional que sirva para dizer aos senhores o que
desejamos e como nos sentimos nesta homenagem. E, obviamente, me lembrei da
vitória que está lá depois de verdade, mas que é, sem dúvida nenhuma, o que
todos nós, Srs. representantes do povo de Porto Alegre, Srs. representantes do
povo do nosso Estado, com assento na Assembléia Legislativa, Srs. patriotas
como nós, desejamos que aconteça na transição que estamos fazendo para uma
democracia. Está é a vitória que nós esperamos que todos possamos alcançar. Sou
grato. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós temos na Casa, também, o Vereador,
colega da “Zero Hora”, que é o Ver. Adroaldo Corrêa, a Nelcira Nascimento,
Espiridião Curi que andou por Santa Catarina, Dvoskin, nosso querido amigo,
também, eu não vou pedir para que vocês levem um abraço em nome do Legislativo
Municipal aos seus colegas, eu vou pedir para o Lauro Schirmer. Viu, Jayme,
sabe por quê? Além de talento, capacidade e competência que nós lemos aqui, de
repente eu senti que além de tudo isto os 25 anos de “Zero Hora” já se
incorporou ao corpo, à alma dos rio-grandenses, ele vai levar além disso, do
nosso abraço, aqueles filmes que ele recebeu. Quando ele estava fazendo o seu
discurso, o simpático fotógrafo chegou próximo ao Lauro e pediu para ele levar.
Então, está aí o entrosamento, está aí a vitória da RBS; a vitória da Cidade.
(Levanta-se
a Sessão às 19h06min.)
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